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Minha leitura, então, avança largamente tateante. Quantas tantas não se recusa aos litígios da lucidez, nem se encasula nos paramentos da emoção ritual tão agradável ao sonho de autorreconhecimento de muitos leitores. Os poemas de Mel Adún, graças à enganosa naturalidade com que se movimentam, atraem o leitor para o seu centro, mas chegando a esse recinto o que se percebe aí é que nem tudo se deixa grafar como dengo ou aceno sentimental seja ao igual seja à alteridade; nem tudo é transparente e amistoso como aquela outra água que recebe raio de luz e permanece unida. A poeta talvez até quisesse algo assim, mas a linguagem entranhada às sujidades da vida, isto é, a linguagem sendo a nódoa de lama no lamê, a linguagem sendo a própria vida meditada, acaba se impondo.
(…)”
— Ronald Augusto
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Congruente com seu gesto de afirmação da existência negra brasileira que inclui, mas que também vai muito além de representações de sobrevivência e resistência, o teor diverso da coletânea é revelado através de uma voz poética que se manifesta em variados estados e elementos. Muitas vezes nos deparamos com uma voz em estado de profundo conflito, outra vezes em estados extasiados e ainda outras em estado de contemplação. Em vários momentos vemos que o elemento principal do livro, a água, além de ser um ambiente onde se constrói a narrativa, é também a própria fala; o eu-lírico é um eu-água, e assim se faz ouvir.
(…)”
— Leonora S. Paula
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